quinta-feira, setembro 27, 2007

distingo, assim de repente, dois tipos de solidão. a solidão do dia e a solidão da noite. gosto de ambas. é reconfortante a solidão do metro em hora de ponta, do jornal lido na esplanada do café, do burburinho da cidade ao fim da tarde, a solidão em que estamos só nós e o resto do mundo. mais ninguém. gosto, admito. mas prefiro a solidão da noite escura passada em branco, do livro que partilhamos com o silêncio, a solidão daquela música que foi feita só para nós, a solidão dos olhos pesados, gastos e trémulos. a solidão em que somos só nós. a solidão deprimente e depressiva, mas regeneradora. o pior de passar muitas horas sozinho é passar muitas horas comigo. dá trabalho deprimir alguém como eu. dá trabalho deprimir-me a mim próprio. mas vale o esforço. a tristeza é uma invenção do homem. a felicidade também. mas a solidão não. a solidão é real, grita, chora, vocifera, cai-nos no colo e abraça-nos, calma e lentamente. está aqui. nestas linhas de palavras pouco cruzadas que não querem dizer nada mas dizem sem querer. porque escrever - e escrever num blogue - é, acima de tudo, um acto de solidão. mesmo gritando alguma coisa bem alto ao resto do mundo, ou calando uma série de outras coisas, é um acto solitário. só eu. e o resto do mundo. um só. gosto da solidão do dia, mas prefiro a solidão da noite, sempre há menos pessoas à volta e o mundo é mais pequeno.

3 Comments:

Jp said...

Vai ao Google e procura:
Pornada

Faz isso, vai...

Cristina said...

Gosto de estar sozinha, ver as coisas acontecerem à minha volta, defendida pela minha solidão!
Mas a solidão, tens razão, é real, pesada,por vezes agride.
Gostei mt! Muito bom!
Bjs

João Gaspar said...

eu gosto da solidão.


basicamente é isso, mas divaguei um pouco, acho! ;)

Bjs.