segunda-feira, abril 30, 2007

12º B

caprichos do acaso fazem reunir um grupo de amigos dos tempos de escola, sob o efeito de uma madrugada fria demais e regada a álcool qb (ou vice-versa, não me recordo). conto dezenas. dezenas de contactos perdidos na era pré-mail. anos de silêncio rapidamente transformados nas triviais perguntas do 'tá tudo bem, então que fazes, por onde andas. acompanhadas pelas mais banais respostas do ya tá tudo, não faço nada, ando por aí. uns têm filhos, outros chateiam os pais. uns ainda estudam, outros já estudam, uns não trabalham, outros nem por isso. trocam-se experiências entediantes sobre as últimas curvas na estrada da vida (não esquecer voltar aqui e apagar esta metáfora idiota). recordam-se aulas, viagens, pinga, noites, namoros, pinga, tardes, exames, pinga. desatam-se dois ou três ah, bons tempos entre cada quatro frases. das dezenas, ignorava a vida de mais de metade. continuarei a ignorá-la depois das explicações. fazem-se promessas de futuros contactos breves que em breve serão esquecidos. os tempos, foram bons foram. mas recordá-los é tê-los de volta e há coisas que são feitas para passar e não voltar. que coisas? as aulas, as viagens, a pinga, as noites, os namoros, a pinga, as tardes, os exames, a pinga. a impossibilidade de as viver de novo é uma defesa necessária contra a nostalgia de uma vida que sabemos bem que não queremos de volta. o silêncio? condição necessária para que o tempo nos devolva ao presente. aquelas vidas? histórias para contar. das dezenas, muitos amigos que nunca o foram. dois ou três que nunca deixaram de o ser. apesar do silêncio. apesar da ausência recíproca. como é que se distinguem? ao fim de cinco minutos já falávamos de vinho e futebol. como se nos tivéssemos visto ontem.

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