Pronunciamos de forma ligeiramente (uns mais ligeira que outros ;) ) diferente para evitar a ambiguidade. Se ouvires um pedaço de conversa, já não tiras conclusões precipitadas. As expressões "Eu, «cumo» o António..." e "Eu como o António..." assim já não são confundidas. Eheheheh...
João Gaspar: A minha explicação não era para ser levada muito a sério. :) Era mais uma desculpa esfarrapada. ;) Na verdade, como amante (sou uma badalhoca, eu sei) dos sotaques e dos regionalismos que sou, defendo que cada região tenha as suas particularidades linguísticas. A pronúncia a que te referes é já descrita em gramáticas mais recentes (já saí há tanto tempo da universidade, e ainda lhes chamo recentes... enfim...).
Check this out: http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=11108
http://ciberduvidas.sapo.pt/resposta.php?id=1826
Eu farto-me de brincar com os meus amigos lisboetas por causa do "riu", do "tiu", do "friu" e do "Flip" e "Flipa", e eles respondem-me com os meus "bês" que bolta e meia surgem no meio do discurso quando estou mais à bontade. ;)
tens paciência de santa, patrícia. obrigado pelos links. ;)
não obstante, a válida explicação não dá mais sentido à coisa (a não ser no prisma da malandrice) porque quem diz seija também diz igreija. tinha uma professora que dizia vermêílho. o que é ainda mais estúpido. podia dizer encarnado.
Se não tivesse paciência, teria de escolher outra carreira. :D Mas não diria que é de santa. A da minha mãe, sim, é de santa. :D
Eu vivo perto do Porto, e a pronúncia não difere muito da de lá. Aqui diz-se "seija" e "igreija" e "vermeilho" e "espeilho". Mas se reparares, em todas as zonas há desvios à norma em termos fonéticos, e mesmo entre a população mais instruída (quem não está automaticamente perdoado ;) ). Volto a dar exemplos dos meus amigos de Lisboa, porque é com eles que mais noto as diferenças (e eles em mim, obviamente): em Lisboa ouvi sempre "caxa" em vez de caixa. E "baxo", "faxa", "xelente", etc. A ideia que me dá é que na zona centro-sul há tendência para encurtar as palavras (como o nome "Flip", em vez de Filipe). Eu gosto mesmo destas diferenças. É o que dá graça e raça à língua. A meu ver, o importante é saber escrever bem, e reconhecer o que é a norma e o que são os regionalismos.
Encarnado vem de carne (surpresa das surpresas, right?), e pelos vistos deve ter um tom diferente de vermelho (don't ask. Ninguém usa a palavra encarnado por estes lados). http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=127
"Seija", "igreija", "vermeilho" e "espeilho"... confirmo que digo assim, ou perto disso, todas estas palavras. Sinto-me ridiculo se tentar dizer "igrÊja", "vermÊlho" ou "espÊlho", como ouço na pronúncia de outras pessoas.
No fundo, isto não faz sentido nenhum, mas realmente não consigo arranjar explicação melhor que aquela que a Patricia já deu. São particularidades de cada região.
Primeiro. João, não é o pessoal do Norte que pronuncia "cumo", mas sim o pessoal do Porto. só para veres como isto é mesmo assim: o "pessoal do norte" (Aveiro, Coimbra, Braga, etc) gozava-me por dizê-lo, quando eu estudava em Aveiro.
Segundo. Shyznogud, isso que dizes não é verdade. podes conhecer pessoas do Norte que não acentuam o pret. perfeito, mas o facto de serem do Norte é apenas uma coincidência e não uma condição. eu não falo assim, nem eu nem ninguém que eu conheça do norte que saiba falar correctamente. porque é mesmo isso: pessoas que não falam correctamente, mesmo que a sua única dificuldade seja essa, estão espalhadas pelo país inteiro. ;)
partilho dessa do andámos/andamos. não faz sentido, mas é mais claro o factor pronúncia a explicar a coisa (apesar do erro ser igualmente irritante).
e esperar que a patrícia continue com paciência e explique a razão. ;)
só um reparo, miss lemon: se coimbra é norte, daqui a bocado estamos a dizer que lisboa é sul. o que deixa um gajo nascido em faro a pensar que nasceu fora do mapa.
Push-Button Publishing Eliminar o comentário de: Last Breath
Blogger Patrícia disse...
Tal como a Menina Limão (devemos ser quase "vizinhas", S.J.M. fica perto do Porto), também costumo simplificar e dividir o país em norte e sul (até tenho uma etiqueta no blog chamada norte/sul, e não tinha nada a ver com a guerra civil americana ;) ).
O meu pai costuma dizer, no gozo, que é uma seca ter a "doutora" em casa, porque está sempre a corrigi-lo (ele teima em dizer "houveram dias de chuva..." em vez de "houve dias de chuva..."). A verdade é que corrijo amigos e familiares que sei que até gostam que o faça (eu gosto, poupa-me embaraços junto de pessoas com quem não me sinta à-vontade. Aquelas junto das quais nunca me sai um "bê" fora do sítio ;) ), ou pelo menos que não ficam melindrados com isso, mas mordo os lábios para ficar calada noutras situações. É defeito profissional, e sei que irrita muito boa gente. Posso garantir que não é só no norte que ouço calinadas. Passei "munto" fim-de-semana e algumas temporadas mais longas em Lisboa, ao longo de mais de dois anos, e ouvi muita bacorada. ;) Como referi antes, gosto mesmo de sotaques e sinto curiosidade em relação a regionalismos (ainda ontem, num casamento na zona de Águeda, ouvi imensas palavras que me eram completamente desconhecidas), o mesmo não podendo dizer no que toca aos erros crassos. A falta de acentuação no Pretérito Perfeito é absolutamente irritante, mas tem justificação, sim. Chama-se hipercorrecção (http://ciberduvidas.sapo.pt/idioma.php?rid=1413).
Nós somos acusados de abrir demasiado as vogais. É normal, pelo menos em S. João da Madeira e arredores, ouvir-se "cáma", "máma" (sim, seio ;) ), etc. Vai daí, quem pronuncia a letra A sempre aberta, também o faz ao dizer "eu e o João comprámos pão nesta padaria todos os dias", quando o correcto seria não abrir a vogal. Quem não pronuncia esses /á/ a torto e a direito, tende a achar que nunca deve abrir a vogal, pelo que acaba por pronunciar, erradamente, a 1.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito com /â/ (isto nos verbos de tema em a).
De qualquer modo, tiro o meu chapéu a quem não tem estudos e já conta muitas décadas de vida e ainda assim fala num Português praticamente imaculado, seja qual for o sotaque que vista as palavras. O meu avô era uma dessas pessoas. Tinha apenas a 4.ª classe e um forte sotaque nortenho (era de Paredes), mas falava sem tropeções nem pontapés na gramática, talvez porque gostava de ler e era inteligentíssimo. E um óptimo contador de histórias... Saudades... Nem sempre ter um canudo corresponde a um bom uso da língua portuguesa. Troco emails com muitos licenciados (alguns deles trabalham como professores) que não são capazes de escrever uma linha sem erros, pelo que depreendo que também terão alguma dificuldade na expressão oral.
Bem, João, paciente tens de ser tu. Já viste bem as secas que apanhas com os meus comentários? :D
20 Comments:
Gaja do Norte explica. ;)
Pronunciamos de forma ligeiramente (uns mais ligeira que outros ;) ) diferente para evitar a ambiguidade. Se ouvires um pedaço de conversa, já não tiras conclusões precipitadas. As expressões "Eu, «cumo» o António..." e "Eu como o António..." assim já não são confundidas. Eheheheh...
continua a não fazer muito sentido. na minha cabeça faz ainda menos. ou seja, sabem dizer "como" mas preferem, erradamente, dizer "cumo".
para distinguir? ok, depende do antónio. mas fazem isso com todas as palavras homófonas?
;)
agradecido pela explicação, anyway.
Não, não fazemos assim com todas as palavras homófonas. Só com aquelas em que dá jeito!
Ao Hugo: Ahahahahahahah... Boa resposta!
João Gaspar: A minha explicação não era para ser levada muito a sério. :) Era mais uma desculpa esfarrapada. ;) Na verdade, como amante (sou uma badalhoca, eu sei) dos sotaques e dos regionalismos que sou, defendo que cada região tenha as suas particularidades linguísticas. A pronúncia a que te referes é já descrita em gramáticas mais recentes (já saí há tanto tempo da universidade, e ainda lhes chamo recentes... enfim...).
Check this out: http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=11108
http://ciberduvidas.sapo.pt/resposta.php?id=1826
Eu farto-me de brincar com os meus amigos lisboetas por causa do "riu", do "tiu", do "friu" e do "Flip" e "Flipa", e eles respondem-me com os meus "bês" que bolta e meia surgem no meio do discurso quando estou mais à bontade. ;)
Beijo
pois, hugo. bem me parecia que era só malandrice.
tens paciência de santa, patrícia. obrigado pelos links. ;)
não obstante, a válida explicação não dá mais sentido à coisa (a não ser no prisma da malandrice) porque quem diz seija também diz igreija. tinha uma professora que dizia vermêílho. o que é ainda mais estúpido. podia dizer encarnado.
Se não tivesse paciência, teria de escolher outra carreira. :D Mas não diria que é de santa. A da minha mãe, sim, é de santa. :D
Eu vivo perto do Porto, e a pronúncia não difere muito da de lá. Aqui diz-se "seija" e "igreija" e "vermeilho" e "espeilho". Mas se reparares, em todas as zonas há desvios à norma em termos fonéticos, e mesmo entre a população mais instruída (quem não está automaticamente perdoado ;) ). Volto a dar exemplos dos meus amigos de Lisboa, porque é com eles que mais noto as diferenças (e eles em mim, obviamente): em Lisboa ouvi sempre "caxa" em vez de caixa. E "baxo", "faxa", "xelente", etc. A ideia que me dá é que na zona centro-sul há tendência para encurtar as palavras (como o nome "Flip", em vez de Filipe). Eu gosto mesmo destas diferenças. É o que dá graça e raça à língua. A meu ver, o importante é saber escrever bem, e reconhecer o que é a norma e o que são os regionalismos.
Espreita isto: http://insidethefire.blogspot.com/2007/01/numa-tentativa-desesperada-de-mandar.html?zx=6a4931c3e85f474f
Encarnado vem de carne (surpresa das surpresas, right?), e pelos vistos deve ter um tom diferente de vermelho (don't ask. Ninguém usa a palavra encarnado por estes lados). http://ciberduvidas.sapo.pt/pergunta.php?id=127
onde se lê "quem não está automaticamente perdoado", deve ler-se: "que está automaticamente perdoada"
Se eu perceber o que se passou para escrever o que escrevi, aviso... Good grief...
"Seija", "igreija", "vermeilho" e "espeilho"... confirmo que digo assim, ou perto disso, todas estas palavras. Sinto-me ridiculo se tentar dizer "igrÊja", "vermÊlho" ou "espÊlho", como ouço na pronúncia de outras pessoas.
No fundo, isto não faz sentido nenhum, mas realmente não consigo arranjar explicação melhor que aquela que a Patricia já deu. São particularidades de cada região.
eu digo assim cumo com muito orgulho, faz fabôr! :p
puto, cala-te.
Tenho uma dúvida similar, por que raio não acentuam os verbos no pretério perfeito? Até levam acento e tudo
estou a falar da primeira pessoa do plural, nós andámos, por exemplo.
Ora vamos lá por os pontos nos ii.
Primeiro.
João, não é o pessoal do Norte que pronuncia "cumo", mas sim o pessoal do Porto. só para veres como isto é mesmo assim: o "pessoal do norte" (Aveiro, Coimbra, Braga, etc) gozava-me por dizê-lo, quando eu estudava em Aveiro.
Segundo.
Shyznogud, isso que dizes não é verdade. podes conhecer pessoas do Norte que não acentuam o pret. perfeito, mas o facto de serem do Norte é apenas uma coincidência e não uma condição. eu não falo assim, nem eu nem ninguém que eu conheça do norte que saiba falar correctamente. porque é mesmo isso: pessoas que não falam correctamente, mesmo que a sua única dificuldade seja essa, estão espalhadas pelo país inteiro. ;)
partilho dessa do andámos/andamos. não faz sentido, mas é mais claro o factor pronúncia a explicar a coisa (apesar do erro ser igualmente irritante).
e esperar que a patrícia continue com paciência e explique a razão. ;)
só um reparo, miss lemon:
se coimbra é norte, daqui a bocado estamos a dizer que lisboa é sul. o que deixa um gajo nascido em faro a pensar que nasceu fora do mapa.
sejamos práticos e pouco rigorosos - eu voto nisso. se só falarmos em norte/sul, coimbra é norte e lisboa é sul.
coimbra é centro, com especificidades muito próprias
já sabemos, anónimo, já sabemos. não vamos fingir que é isso que está em discussão - nunca esteve.
Blogger
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Blogger Patrícia disse...
Tal como a Menina Limão (devemos ser quase "vizinhas", S.J.M. fica perto do Porto), também costumo simplificar e dividir o país em norte e sul (até tenho uma etiqueta no blog chamada norte/sul, e não tinha nada a ver com a guerra civil americana ;) ).
O meu pai costuma dizer, no gozo, que é uma seca ter a "doutora" em casa, porque está sempre a corrigi-lo (ele teima em dizer "houveram dias de chuva..." em vez de "houve dias de chuva..."). A verdade é que corrijo amigos e familiares que sei que até gostam que o faça (eu gosto, poupa-me embaraços junto de pessoas com quem não me sinta à-vontade. Aquelas junto das quais nunca me sai um "bê" fora do sítio ;) ), ou pelo menos que não ficam melindrados com isso, mas mordo os lábios para ficar calada noutras situações. É defeito profissional, e sei que irrita muito boa gente. Posso garantir que não é só no norte que ouço calinadas. Passei "munto" fim-de-semana e algumas temporadas mais longas em Lisboa, ao longo de mais de dois anos, e ouvi muita bacorada. ;) Como referi antes, gosto mesmo de sotaques e sinto curiosidade em relação a regionalismos (ainda ontem, num casamento na zona de Águeda, ouvi imensas palavras que me eram completamente desconhecidas), o mesmo não podendo dizer no que toca aos erros crassos. A falta de acentuação no Pretérito Perfeito é absolutamente irritante, mas tem justificação, sim. Chama-se hipercorrecção (http://ciberduvidas.sapo.pt/idioma.php?rid=1413).
Nós somos acusados de abrir demasiado as vogais. É normal, pelo menos em S. João da Madeira e arredores, ouvir-se "cáma", "máma" (sim, seio ;) ), etc. Vai daí, quem pronuncia a letra A sempre aberta, também o faz ao dizer "eu e o João comprámos pão nesta padaria todos os dias", quando o correcto seria não abrir a vogal. Quem não pronuncia esses /á/ a torto e a direito, tende a achar que nunca deve abrir a vogal, pelo que acaba por pronunciar, erradamente, a 1.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito com /â/ (isto nos verbos de tema em a).
De qualquer modo, tiro o meu chapéu a quem não tem estudos e já conta muitas décadas de vida e ainda assim fala num Português praticamente imaculado, seja qual for o sotaque que vista as palavras. O meu avô era uma dessas pessoas. Tinha apenas a 4.ª classe e um forte sotaque nortenho (era de Paredes), mas falava sem tropeções nem pontapés na gramática, talvez porque gostava de ler e era inteligentíssimo. E um óptimo contador de histórias... Saudades... Nem sempre ter um canudo corresponde a um bom uso da língua portuguesa. Troco emails com muitos licenciados (alguns deles trabalham como professores) que não são capazes de escrever uma linha sem erros, pelo que depreendo que também terão alguma dificuldade na expressão oral.
Bem, João, paciente tens de ser tu. Já viste bem as secas que apanhas com os meus comentários? :D
Christ... deixa lá, ignora o copy-paste do meu próprio comentário... o meu computador anda a passar-se... Grrrrrrrrr...
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