parece que é dia de reflexão. reflictamos. que fazer quando nenhum dos partidos (e pseudopartidos) concorrentes às eleições nos atraem? que fazer quando a instituição para a qual os votos se dirigem nos provoca pouco mais do que ligeira indiferença? que fazer quando o parlamento europeu acaba por ver o seu papel ironicamente subvertido pela comissão ainda menos democrática? que fazer quando a campanha eleitoral é um cerrar de fileiras, de cães de fila, cada qual a ladrar para o seu lado? os convictos e os convencidos disso não passam. nem convencem ninguém. trocam-se acusações, insinuações e outras complicações. abafam-se as ideias com os megafones. escondem-se os argumentos com as bandeiras. a vergonha ao menos é transversal. é quando vejo uma campanha eleitoral que percebo o que o sérgio godinho queria dizer com aquilo do "a má qualidade está tão bem distribuída". que resposta dar a isto tudo? abstenção? como distinguir a abstenção protestativa (nem protestante nem potestativa, atenção) da abstenção desinteressada e desinteressante? voto em branco? poder-me-ão dizer que é infantil o argumento de que o voto em branco devia ter correspondência em número de assentos vazios. ok, o argumento pode ser infantil, mas o melhor do mundo são as crianças. no dia em que o voto em branco não for hondtoexcluído, contem comigo para votar em branco em todas as eleições e começar a vazar parlamentos. socorrer-me dessa aberração estatística que é o voto nulo? o voto nulo é um subproduto da democracia. o voto nulo é aquele gajo que nunca é escolhido para a equipa, nem sequer para ir à baliza. o voto nulo é a democracia a dizer-nos: ok, podes estar aqui mas não faças muito barulho. e mesmo que faças nós nem sequer te vamos ouvir. à democracia interessa mais a abstenção do que dar importância ao voto nulo. o protesto abstencionista é rapidamente esquecido e silenciado. o protesto do voto nulo nem sequer chega a ser protesto. o facto do sistema democrático-partidário parecer incutir claramente a abstenção cada vez que apela ao voto é das poucas coisas que me leva a querer ir votar. uma coisa é certa, com o meu voto não vai nem um eurodeputado assentar o rabo para o parlamento europeu. sei que eles vão à mesma e, provavelmente, lhes pagarei uma parte da viagem. mas não serei eu a comprar-lhes o bilhete. amanhã decidirei qual a melhor forma do meu voto não ter qualquer utilidade. o voto é a arma do povo, mas de pólvora seca. ou, parafraseando mourinho, o filósofo, parlamento europeu o caralho ta foda.
sábado, junho 06, 2009
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11 Comments:
Vais portanto votar na Laurinda, é?
eheh.
cruzes, canhoto.
espero que isso seja só boa disposição e nada no meu texto indique isso, ou apago já isto tudo. ;)
votar na laurinda é pior que um voto nulo, passe a quasiredundância. a laurinda nem entra nesta equação. mas enfim, democracia e tal é muito giro e depois pessoas como a laurinda formam partidos. é o preço a pagar pela democracia.
Claro que é a brincar... estes dias de reflexão são o máximo!
são mesmo.
devia ser ao contrário. 1 dia de campanha e 15 de reflexão.
Vou votar no Pinto da Costa!
Texto muito bom! Estás, deveras, em alta. :)
vota em mim! ;)
Chasse, pêche, nature et traditions.
conheces?
pois bem, se tiveres algum problema relacionado com a caça, é a estes senhores que te tens que dirigir.
estão sentados na parte de trás do hemiciclo europeu, atrás dum arbusto.
queres falar dos deputados fantasmas?
c'est pas posible!
(só sei dizer isto em francês; e croissant, vá.)
isso é muito bom.
quais deputados fantasmas? alguns em particular?
o parlamento pré-tratado tem 736 deputados. o pós tem 754. este fim de semana foram eleitos 754. daqui até à entrada em vigor do tratado, 18 marmanjos terão o estatuto de "observadores". sim, vão ser pagos para ficar a olhar. e olharão em bruxelas e, passados quinze dias, irão olhar para estrasburgo. e vice-versa. 7 milhões de euros.
Brilhante!
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