sexta-feira, dezembro 29, 2006

2006: cerveja do ano

está em cima da mesa. obviamente, não para discussão.

2006: o livro do ano

provavelmente estará em cima da mesa para discussão, uma vez que ainda não li o da xô dona salgado.

Nota 1: o hiato temporal entre a edição de um livro e a respectiva leitura é ainda maior que o fosso cinema / dvd.
Nota 2: este livro é de 2004, mas como a edição que tem esta capa é de 2006 e foi este ano que o li, conta.
Nota 3: queria ter mais candidatos ao título de livro do ano, mas o sacana do record continua a sair todos os dias.

2006: o filme do ano

pode vir a estar em cima da mesa para discussão, embora não me pareça que isso vá acontecer.


Nota 1:
vou poucas vezes ao cinema. quando vou, evito as salas com mais de 10 pessoas. vejo os filmes com largos meses de atraso, quando saírem os dvd's falamos.
Nota 2: vi ontem o traffic, por isso talvez falemos lá para 2009.

2006: o disco do ano

não está em cima da mesa para discussão.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

wishful thinking

(ou: slogans desfeitos #1)

a primeira vez é sempre a três.

silly season

não fora já suficientemente má esta quadra ignóbil, imbecil e modorrenta, a falta de bola faz com que a sport tv esteja a transmitir em diferido e na íntegra o charlton x fulham.

vou ver.

lixo esquizofrénico #1

mas a lua não apareceu.
e ele ali ficou. de tanto esperar, enlouqueceu. agora resta-lhe a escura solidão e a força da loucura, que embora fraca sempre ajuda e lhe estende uma mão. a mão vadia que o empurra. a mão amiga que o levanta. a mão cansada que o faz pensar, ou apenas recordar, que sonhos esquecidos são sonhos em vão. esta loucura. aquela mão. a mão sentida que lhe toca o rosto, que dá sabor e gosto, à vida, às lágrimas e ao desgosto. a mão esquecida que acalma a agonia, daquele choro de alegria. a mão perdida que o encontra, à procura do sentido, proibido e sem saída da mão presente que ele sente, à espera do sentimento sempre ausente.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

errata

devido a lapso mnésico totalmente justificado pela fase de letargia mental que a época do calendário proporciona, a foto anterior vinha com o rótulo de ter sido tirada em bordéus. embora seja pouco relevante, uma vez que o importante é a foto itself e não a cidade em que o velhote parece existir sem se preocupar com o passar do tempo à sua volta, a verdade é que o flash disparou em cognac, vila pacata do sudoeste francês na qual - ninguém diria! - se produz o centenário elixir homónimo.
isto tudo para dizer que, no final de uma visita às caves obscuras (muito parecidas às do vinho de gaia, mas com mais teias de aranha) apropriei-me de uma garrafita de cognac cujo conteúdo dará para 3 penaltys mal medidos mediante o pagamento de 10 euros, com o propósito de me juntar às pessoas certas e dar-lhe o destino que merece. já lá vai mais de um ano e continuo sem encontrar a merda da garrafa. o único consolo é um fino bem tirado ser de longe melhor que cognac.

lost in time #2

[Cognac, France, Agosto 2005]

terça-feira, dezembro 26, 2006

exercício de mediocridade #3

o melhor do natal é, talvez, a família toda reunida.
o pior do natal é, sem dúvida, a família toda reunida.

não te queixarás quando te oferecem peúgas

recebi um sabonete azul, aroma marinho.

acto falhado

vinha só aqui dizer que desliguei o autoplay da música de natal aqui em baixo no post anterior, mas se calhar não vale a pena.

sábado, dezembro 23, 2006

Let me sleep*

"Cold wind blows on the soles of my feet
Heaven knows nothing of me
I'm lost nowhere to go
Oh when i was a kid oh how magic it seemed
Oh please let me sleep it's Christmas time
Flowered winds was where i lived
Thought you burned not froze for your sins
Oh I'm so tired and cold

Oh when i was a kid oh how magic it seemed
Oh please let me sleep it's Christmas time
Oh oh when i was a kid oh how magic it seemed
Oh please let me sleep it's Christmas time
Oh oh when i, if i was a kid oh how magic it seemed
Oh please let me dream it's Christmas time"


Pearl Jam, 1991

quarta-feira, dezembro 20, 2006

escapadinha

fodituri te salutant

exercício de mediocridade #2

os últimos são sempre os primeiros a dizer que os últimos são sempre os primeiros.

mulher, filha de deus

ama o próximo. pode ser o último.

na cara

embrulhamos as prendas de natal por pura vergonha de que alguém perceba cedo demais que oferecemos a mais barata.

frases desfeitas #7

mais vale pobre do que mal agradecido.

terça-feira, dezembro 19, 2006

capítulo nulo

junto às miúdas, tentava parecer engraçado.
junto aos pais delas, esforçava-se por parecer atinado.
junto a desconhecidos, tentava parecer culto.
junto ao chefe, tentava parecer responsável.
à noite, antes de dormir, fingia suportar-se junto a si próprio.
só ao balcão do café, não precisava de fingir nada, de parecer nada, de agradar a ninguém.

you, you, you

agora que a time (tardiamente) se lembrou que são os utilizadores assíduos da web social a person of the year 2006*, os meios (ou serão mínimos?) de comunicação lembraram-se de os caracterizar. assim, e segundo inquéritos oficiais, as personalidades do ano "integram a rede social do hi5, editam vídeos do youtube e vão buscar conteúdos ao myspace."

o que eu gostava mesmo de saber é, afinal de contas, onde é que esta malta vê o e-mail?

* mais uma cabala do americanismo. poeira para os olhos do povo. o prémio é teu, camarada chavez!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

isto sim, importava referendar

concorda com a interrupção voluntária do coito, se realizada, por opção da mulher, nos primeiros dez minutos, em estabelecimento de diversão nocturna clandestino mas com condições de higiene devidamente asseguradas?

(o meu) espírito d'época #2

uma grande lacuna da literatura infanto-juvenil é não haver um conto que acabe com a frase:
o pai natal morreu.

ah, saudade!

[está tudo aqui]

exercício de mediocridade

este blog deseja a todos os seus 12 leitores um natal mais ou menos.

lost in time #1

[Pau, France, Agosto 2005]
"keep the whole thing going, baby
riding home after school / you took me home

gloria, gloria"
(The Doors)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

no fresquinho da noite

não percebo o porquê de tanta celeuma pela decisão da d. quixote de publicar o livro d'ela, carolina. afinal de contas, é a editora do gajo que escreveu sobre os cús do apóstolo traidor, agora publica o livro de uma traidora que vendia o cú. faz sentido.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

(o meu) espírito d'época

ao contrário de muitos milhões de pessoas, ainda não fiz uma única compra de natal. por outro lado, e ao contrário desse hábito pseudonacional(ista) de deixar tudo para os últimos dias, já fiz todas as minhas compras de natal.

terça-feira, dezembro 12, 2006

toma lá uma sala de fumo

Miguel

Entrava na sala fria sempre descalço. Espirrava duas ou três vezes seguidas antes de conseguir dizer boa noite. Continuava a caminhar. Com o olhar sempre fixo na janela como se alguém o esperasse lá ao fundo. Ou do outro lado. Do lado de fora, onde ingenuamente pensava um dia conseguir chegar. Ignorava os olhares mudos que seguiam o seu trajecto. Sorria um olá disfarçando a dor de garganta que já o atormentava há tanto tempo quanto a memória o permitia recordar. Escondia na mão direita um isqueiro em tons de salmão. Na outra, escondia a força de um sonho repetido a cada noite passada em branco. Sempre no bolso das calças sujas e rasgadas pelo tempo. Como todas as outras noites inclinou-se, cotovelos apoiados e acendeu um cigarro. Como todas as outras noites fumou. E esperou. Mas a lua não apareceu. E o sonho despediu-se com um beijo e sussurrou-lhe até amanhã. Amanhã estaria ali, com a mesma mão, as mesmas calças, a mesma dor de garganta, a mesma janela, o mesmo sonho adiado. Só o cigarro, esse seria outro. Que este desaparecia lentamente transformando-se em espirais a dançar no escuro da noite. Chegava ao fim o momento do dia em que mais ninguém interessava. Só ele, e o cigarro que se findava. Só ele, e o sonho que o desesperava. Amanhã repetir-se-ia a história. E quando finalmente se ia despedir dos olhares até então incógnitos, apagou o cigarro esquecendo-se que estava descalço e a única coisa que conseguiu dizer foi: foda-se!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

mudando de assunto

eu, carolina - ó i ó ai
eu, carolina - ó ai meu bem.

pronto, já passou.

é uma vergonha ver tanta gente a festejar uma morte

morreu, o cabrão. pago eu esta rodada.

gambuzino

vi no telejornal o ministro do ambiente. juro que vi.

see you in hell

finochet.

fui ali já vim

e ao contrário do que pensava, voltei. são e salvo.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

vou ali já venho

os senhores que organizam o national congress of biochemistry [atente-se no paradoxo que só por si é escrever isto em inglês], vá-se lá perceber por que carga de água, acharam que uma coisa com o título olive mild mosaic virus antibodies from a phage display library era muito gira e interessante para ser falada durante 20 minutos.

de modos que andarei por aqui no fim de semana (ou muito provavelmente noutro sítio a empanturrar-me de ovos moles) e no domingo tratarei então de lhes provar que estavam enganados.


[e há lá coisa mais gira para passar um fim de semana prolongado do que um congresso nacional de bioquímica? provavelmente, sim. mas não me consigo lembrar de mais do que cem.]

o carpinteiro

ao almoço comeu um prego no pão e bebeu um copo de vinho a martelo.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

ídolos de infância [1]


o mais esquecido dos melhores jogadores do mundo. ou o melhor dos mais esquecidos.
enfim, dois minutos de silêncio, faz favor.

terça-feira, dezembro 05, 2006

um minuto de silêncio

morreu o porco do clooney. e atenção que não estou a ofender o senhor.

[estava a pensar meter aqui uma piada com as palavras "chouriço" ou "salsicha" mas acho que não vale a pena.]

segunda-feira, dezembro 04, 2006

o surrealismo no café da esquina [prefácio]

bica pós-jantar. balcão de café. dois alcoólicos no seu estado normal compõe a única vizinhança circunstancial. um deles, mais pequeno, traga aos soluços um uísque sem gelo. o outro, dono de portentoso bigode, vaza uma água das pedras num copo de fino. o bêbado sem bigode, magro de ossos, tosse, tuberculoso. o outro, o do bigode, braceja soluções para os males do mundo. o dono da casa escalda-me a chávena. já me explicou um dia que o café não é tão bom sem a chávena escaldada. a julgar pelo mal que sabe, prefiro não saber se tem razão.

o surrealismo no café da esquina [capítulo 1]

a tosse

- cof, cof, cof.
- sabe como é que lhe passava essa tosse? sabe?
- diga lá...
- o amigo deita-se de barriga para cima, desfaz um cigarro e espalha o tabaco assim seco (exemplificou desfazendo um cigarro para o chão) para cima do peito.
- um cigarro inteiro?
- e depois bochecha um gole de aguardente, não bebe, tá a ouvir? não é para beber. bochecha só.
- aguardente?
- e depois cospe para cima do peito. assim como os bebés fazem depois de comer. e pede à sua mulher ou a uma amiga ou a quem estiver consigo para massajar o peito até desfazer o tabaco.
- com a mão?
- sim, espalha com a mão até o tabaco desaparecer da mão e ficar bem espalhado no peito. mas depois não pode tomar banho. a sua mulher diz-lhe: ah, cheiras a aguardente! não faz mal. vai ver que lhe passa a tosse. amanhã quando acordar tá novo.
- vou já fazer isso hoje.
- estou-lhe a dizer. é certinho. depois amanhã conta-me.
- já tenho feito de tudo. vou ao hospital e só me dão é xaropes e a tosse não há meio de passar.
- os médicos não sabem curar a tosse. nenhum médico sabe isto. tou-lhe a dizer. os bebés até aos três anos. três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, seja o que for. eles cospem sempre depois de comer porquê? é para despejar a tosse, tou-lhe a dizer. os médico não sabe isso, homem.

o surrealismo no café da esquina [capítulo 2]

a asma

- cof, cof, cof... até tenho aqui duas bombas mas não me fazem nada.
- ah, o que o meu amigo tem é asma?
- tenho outra bomba em casa mas nem assim a asma me passa.
- a asma cura-se num dia. eu até lhe dizia como é que se cura a asma mas é preciso ter fé e coragem.
- diga lá (cof cof) diga lá.
- é preciso munta coragem, tem coragem?
- tenho, tenho.
- agarra num coelho, mas tem que ser um coelho vivo. tem que ter munta coragem. agarra-o assim pelas pernas, ou outra pessoa que esteja consigo. o animal mata-se pela nuca, não é? mas você resga-lhe a pele assim na barriga, tá a ver? e aí é que tem que ter fé e coragem. no momento em que lhe abre a barriga tem que agarrar as tripas do animal e abraçá-las com força contra o peito. e o calor das tripas do bicho tiram-lhe a asma.
(risos do dono da casa)
- é verdade, tou-lhe a dizer.
- num dia, as tripas do coelho lançam calor que lhe tiram a asma num dia. é assim que se cura a asma. os médicos não sabe isto.

o surrealismo no café da esquina [posfácio]

ainda pedi um copo de água para alongar a estada na plateia mas não tinha dinheiro para outro café e tive que abandonar o espectáculo. mas desconfio que ali ainda se curaram câncros vários e a uma ou outra sida. valeram a pena os cinquenta cêntimos, a chávena escaldada e agora se me dão licença vou ali comprar um maço de tabaco e ver se funciona com medronho.

let us enjoy, augusto.

don't rush. die slowly.

pergunta retórica*

se last christmas you gave her your heart but the very next day (s)he gaves it away, por que caraças é que insistes todos os anos?

*ao caramelo que canta esta chaga e que de momento não se me recorda o nome nem vou fazer qualquer esforço para que se mo recorde.

sábado, dezembro 02, 2006

sounds like hã?

o australiano é assim uma espécie de açoreano da língua inglesa.

subconsciente

eu sabia que mais tarde ou mais cedo se havia de justificar o meu gosto pelo polga.