domingo, dezembro 30, 2007

2008

nada prometerei. ainda assim, falharei todas as promessas. prometo.
mas ao menos fá-lo-ei num ano com jogos olímpicos, que, bem vistas as coisas, são a única coisa para que serve um ano ser bissexto.

2007, o balanço final

a todos aqueles que desiludi em 2007 - que são muitos - as minhas desculpas.
a todos aqueles que não desiludi em 2007 - se os houver - as minhas desculpas. não desesperem.

dois mil e sete - música

se fosse fazer um top dos melhores discos do ano, corria o risco de ser a única pessoa a não endeusar os national e o seu boxer. não faço tops de discos do ano porque, apesar de em 2007 o jp simões me ter feito nascer em 1970, o james murphy se ter reinventado e dado o melhor concerto do ano no sbsr, os arcade fire terem lançado o segundo melhor álbum da carreira, o eddie vedder ter composto a melhor banda sonora original da história do cinema, o boss ter feito a magia de me levar a paris, um senhor chamado nick cave fez esta obra de arte, passe a redundância.

dois mil e sete - filmes

o melhor filme de 2007:


o melhor filme de 2006 que só vi em 2007:

ah, no call girl (e não, não vou falar das duas vezes em que o microfone - microfone? - entra no plano da filmagem em cima e não é cortado, nem de quando o nicolau breyner a conduzir olha para o seu lado esquerdo e a câmera é reflectida nos óculos escuros espelhados) há duas ou três coisas a dizer:
a) há uma cena em que está a ser transmitido o funeral do álvaro cunhal. pouco tempo depois, o josé raposo aparece a ler o sol. e não estamos a falar de saltos cinematográficos no tempo. este hiato temporal confirma-se quando no final do filme surge o calendário de 2007.
b) o nicolau breyner, a conduzir, diz que "daqui a 20 ou 30 minutos" (ou uma quantidade de minutos parecida) está em lisboa, quando é filmado num cruzamento a meio caminho entre serpa e beja.
c) consegui escrever mais de meia dúzia de linhas sobre o call girl sem falar nas mamas da soraia chaves.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

2007: 12 meses, 12 blogues, 12 frases.

JANEIRO
"a dona idália continuará a perguntar-me «é só»; um dia respondo-lhe «sou»" (azia)

FEVEREIRO
"evolução
de pombo correio a mocho de recados" (pimpinela)

MARÇO
"Varlhöll. O senhor mister Jesualdo Ferreira ou padece de dissonância cognitiva ou não sabe o que diz" (Nicky Florentino)

ABRIL
"Alguém que fala a nossa língua é alguém com quem temos uma relação de enorme intimidade. Isto é, alguém ao lado de quem podemos cagar." (filigraana)

MAIO
"Viagem imaginária
A Daniela quer ir a África para conhecer Macau. Eu quero ir com ela." (Henrique Fialho)

JUNHO
"Superficial
Gosto mais de ti pelo teu corpo de intervenção do que pelos teus serviços de inteligência"
(Samuel Úria)

JULHO
"O problema da amizade é que somos homens" (Paulo Ferreira)

AGOSTO
"A vida sem depressores do sistema nervoso central
Como será?" (Eduardo)

SETEMBRO
"Ruca só acreditava na hipótese de uma funtastic life se lhe instalassem uma power broche" (pedro vieira)

OUTUBRO
"O homem da sua vida
Eu nasci para fazer as mulheres felizes. Depois de mim, todas encontram o homem da sua vida" (Tiago Galvão)

NOVEMBRO
"toda a generalização é idiota. incluindo esta." (Rui Miguel Brás)

DEZEMBRO
"Em rigor, a literatura poderia ser babelicamente arrumada nas prateleiras de auto-ajuda"

o trabalho adia-se porque não vale a pena, os telejornais substituem o habitual enchimento de chouriços pelos melhores chouriços do ano. fazem-se balanços e elencam-se as figuras do ano. fazem-se mais balanços e descobrem-se o melhor desportista do ano, o melhor político do ano, o melhor apresentador de pragramas de entretenimento do ano (que muitas vezes coincide com o melhor político do ano), o melhor músico do ano, o melhor escritor do ano, o melhor porteiro de prédio do ano, o melhor josé mourinho do ano. esta semana não existe. os corpos arrastam-se até ao fim do velho com a esperança de chegar ao novo. o calendário insiste em mostrar-nos estes dias entre o natal e o fim do ano, mas esta semana não existe. e se não fosse a benazir ninguém tinha dado por ela.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

basta, João, basta!

estou bastante (extremamente, mesmo) indignado comigo próprio. ao longo do tempo tenho manifestado atitudes e opiniões com as não me é possível conviver. opiniões e modos de estar comigo que não só extravasam a esfera da salutar convivência democrática, como ultrapassam o limiar do aceitável, em termos de uma relação intrapessoal condigna. é, portanto, inaceitável continuar com esta situação, cujo mau-estar não consigo esconder. tornou-se insuportável o convívio comigo e chegou a hora de dizer basta. e assim anuncio que abondono este blogue. sem dramas, sem ressentimentos. calma e pacificamente abandono este blogue através deste post que será o último que escrevo. agradeço o convite que me fiz para integrar este blogue, mas a minha participação, que se pautou sempre por um espírito de respeito para comigo, fica por aqui. é com tristeza que constato que o respeito, que julgava mútuo, há muito desapareceu da minha parte. é com alguma mágoa (mas sem surpresa, confesso) que assisto a manobras de bastidores que tentam empurrar-me para fora deste blogue (e a prová-lo tenho um mail que me enviei há pouco). é repugnante perceber que tenho como objectivo sujar o meu bom nome e trair uma relação que dura há anos. inclusive dei um jeito ao cotovelo, ao tentar dar-me uma facada nas costas. basta de me vangloriar em público e desprezar-me em privado. estou farto de mim. na impossibilidade de ser eu a sair, não me resta outra hipótese senão optar pela minha saída. saio e deixo-me sozinho, desejando toda a sorte do mundo a mim próprio, apesar de não concordar com nada do que digo, nem com a forma como o digo. não, não sou eu que saio por minha vontade deste blogue. sou eu que me expulso deste blogue. não, não me posso expulsar se já saí. não, agora não sou eu que saio. expulso-me, categórica e irrepreensivelmente deste blogue. estou farto de mim. sai. saio.
adeus.

apesar do david hasselhoff, não consigo encontrar uma boa razão para este blogue continuar a existir. (e a palavra-chave aqui é boa.) o facto de eu pensar isto sobre o meu próprio blogue parece-me a melhor razão para ele continuar a existir.

terça-feira, dezembro 25, 2007

season's greetings

domingo, dezembro 23, 2007

feliz coiso

[let me sleep, pearl jam]

apesar do frio, preferia a esplanada. sentava-se e olhar para as magras. abria o jornal e só lia as gordas.

o advento e a vulgarização do leitor de dvd marcam a transição entre duas maneiras diferentes de encarar o natal. diria mesmo que constitui uma fronteira bem marcada entre duas gerações. os sub-18 de hoje jamais perceberão que estar sujeito à "programação de natal" na televisão não era uma escolha, mas uma inevitabilidade. rever o sozinho em casa vezes sem conta, aturar comédias infanto-adolescentes na tarde de dia 24, os concertos de natal na consoada ao ritmo das meias desembrulhadas, a missa no canal 2. passar rapidamente para o canal 1. bem sei que havia o vhs, mas o clube de vídeo estava fechado. agora, com o dvd disponível 24 horas diárias, já não se dá o devido valor à quadra. sinal dos tempos: ainda não vi o sozinho em casa este ano (mas parece que já deu), mas já tenho ali guardado o belleville rendez-vous e um ou dois tim burtons para suportar o tempo que falta para poder começar a beber.

when i must remove your wings
and you, you must try to fly.

nick cave
, the ship song

quinta-feira, dezembro 20, 2007

mais coisa menos coisa, é isto.

os franceses a ver um concerto parecem estar num funeral. no próprio. e não sabem dizer bruce. não consigo ter respeito por uma língua que não sabe pronunciar correctamente bruce. o bruce tocou o because the night. a cerveja bebe-se ao preço do whisky. a mona lisa lá continua, com cara de quem lhe estão a pôr o dedo no cu e ainda não decidiu se gosta. a sacana da torre é mesmo grande. a shakespeare & co. tem à venda livros, por assim dizer, do paulo coelho. na fnac dos champs elyseés os xutos estão na secção pop latino, ao lado do juanes e da shakira. o sarkozy anda a comer a carla bruni, mas isso já devem saber. há festas muito, muito boas. não beijei a campa do oscar wilde. a easy jet é uma merda. em paris está - termo técnico - um frio do caralho.

sexta-feira, dezembro 14, 2007


bruce springsteen & michael stipe, because the night

cinco dias em paris

se não se importam, vou ali a paris ver um concerto do bruce springsteen e se calhar já volto. não é fácil, mas se alguém tem que sofrer por todos vós, que seja eu. pode ser que volte e faça um resumo.


[ps: por razões óbvias, um post que combina o bruce sprignsteen com paris sai com uma humilde dedicatória especial ao jmf. um abraço.]

quinta-feira, dezembro 13, 2007

arrematador

foi um amor de paixão à cova.

para ela tudo girava à volta de sapatos. a vida era feita de saltos altos e baixos.

dos pés à cabeça

não há sinapses com os pés gelados.

fixo um olhar vago no ecrã. espreito à volta, desconfiado do que aí vem. passo por este post como passo pela vida. à espera da frase perfeita, à procura da foto perfeita. espero que a inspiração me atinja acordado. espero em vão e adormeço. está frio e é difícil adormecer com os pés frios. estranha humanidade esta que sobrevive a holocaustos e vai à lua só para fazer chichi (chichi ou xixi?). estranha humanidade esta que sobrevive a holocaustos e vai à lua só para mandar uma mijinha mas não inventa uma maneira eficiente e duradoura de manter os pés quentes. ou moderadamente mornos, sequer. suportáveis, ao menos. tinha duas ou três coisas a dizer, importantíssimas para o futuro da felicidade, mas está frio e fica para outra altura. talvez a humanidade subsista sem saber que está uma versão muito gira do "there's no night out in the jail" na compilação de lados-b e raridades do nick cave e das bad seeds. mora na faixa 6 do vol. ii. o mesmo que começa com o dueto com o shane macgowan e o what a wonderful world. ou que vale mais cada um d' os contos de algibeira do que dez tratados do sousa tavares juntos. talvez a humanidade sobreviva a esta ignorância. desconfio que sim, mas amanhã saberemos. por falar em amanhã (que parece que já nasceu e se chama hoje) parece que é um dia muito importante no futuro da europa. não queria exagerar, mas sim: vou cortar o cabelo.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

não abrir o blogger durante dois ou três dias sempre me dá a sensação que tenho alguma coisa mais interessante para fazer.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

dia internacional dos direitos animais

coitados dos vermes.

dia internacional dos direitos humanos

pinochet: há um ano a servir de refeição a vermes.

para provar que o suicídio não é um acto cobarde, encheu-se de coragem, respirou fundo e encostou o cano à cabeça. fechou os olhos e carregou no gatilho. nunca chegou a contar a ninguém que tirara todas as balas.

domingo, dezembro 09, 2007

outra coisa que me causou indiferença foi aquilo que se passou lá no blogue da atlântico. não acompanhei a polémica. parece que foi uma polémica, apesar de polémica ser um termo bastante destroçado pelo uso corriqueiro. eu próprio mantive há pouco uma polémica com a minha mãe durante mais de cinco minutos, sobre a total irrelevância - do meu ponto de vista - de os meus cotovelos se encontrarem sobre a mesa. a minha mãe insiste no contrário e foi uma polémica que nem queiram saber. como dizia, não acompanhei a polémica da atlântico no momento. muito a custo e depois de ver ligações para o tema e todos os blogues do país e do mundo, lá fui espreitar. mas muito à pressa e apenas li cerca de 10% de cada post dedicado ao assunto. sou portanto a pessoa indicada para explanar aqui o meu ponto de vista. nem é tanto um ponto de vista com o carácter subjectivo inevitavelmente inerente a qualquer ponto de vista. é mais uma teoria praticamente comprovada. ei-la: o tiago mendes e o outro chatearam-se por causa do benfica-porto. that simple.

e isto parece-me tão óbvio que só não percebo como é que ainda ninguém o admitiu.

o último post d'época

estava aqui a escrever um texto (já ia grandinho, o menino) sobre a minha relação com o natal e os centros comerciais no natal e derivados. mas resumindo, estava para aqui a perder-me em vírgulas e recursos estilísticos apenas pelo(s) seguinte(s):


1. não gosto do natal (ou melhor, varia entre o não gostar e a indiferença*).
2. não compro presentes de natal.


* é mais indiferença do que não gostar. o natal é-me um pouco indiferente. só me chateia bastante ao nível de tudo o que é centro comercial. [excepção feita ao agradável chiado, que nestas coisas não conta.] só disso é que não gosto. não suporto, mesmo. e com um ponto de exclamação e tudo para terem bem uma noção de como me irrita o natal dos centros comerciais. ei-lo: !. insuportável o natal dos centros comerciais. isso e aquelas pessoas que falam do natal quando ainda faltam duas semanas.

lembrete d'época

manter-me afastado dos centros comerciais, manter-me afastado dos centros comerciais,
manter-me afastado dos centros comerciais, manter-me afastado dos centros comerciais,
manter-me afastado dos centros comerciais, manter-me afastado dos centros comerciais,
manter-me afastado dos centros comerciais, manter-me afastado dos centros comerciais,
manter-me afastado dos centros comerciais, manter-me afastado dos centros comerciais.


repetir baixinho durante todo o dia, até janeiro.

festa da taça

alguém me sabe dizer como é que ficou o europa-áfrica?

sábado, dezembro 08, 2007


nick cave & shane mcgowan - what a wonderful world

sexta-feira, dezembro 07, 2007

espírito d'época

santa clown is coming to town

os dois candidatos estavam tão entediados que aquele debate ficou conhecido como um frete-a-frete.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

só uma dúvida muito muito rápida

o arcanjo gabriel pode ser considerado o primeiro teste de gravidez da história?

era um amor com prazo de validade e o tempo contado. durou exactamente três meses, quatro dias, duas horas e quinze minutos, sem tirar nem pôr. mais coisa, menos coisa.

o chefe de culinária navegador

o seu sonho era estrelar o ovo de colombo.

o chefe de culinária otorrinolaringologista

o seu sonho era fazer uma tarte de maçã de adão.

nasceu por obra e graça de espírito santo. morreu sem pagar a dívida ao bes.

na esquina dois mendigos. um mendigo rezava, o outro mendigo gemia. as horas passavam e um mendigo rezava, o outro gemia. ninguém parava e um mendigo rezava, o outro gemia. a fome matava e um mendigo rezava, o outro gemia. o dia passou, o mendigo que rezava morreu, o mendigo que gemia rezou.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

foram (per)feitos um para o outro.

fiona apple, tonight you belong to me.

espreitou o relógio e percebeu que faltavam duas horas para acordar. tacteou as paredes do corredor até sentir o interruptor entre os dedos. deixou queimar os ovos que se esquecera de mexer. engoliu uma lata de atum e duas de cerveja. abriu o livro que prometera ler para o voltar a fechar três parágrafos depois. olhou para a janela que a preguiça impedira de fechar, sentiu o frio dos corpos mortos dançando a compasso no passeio. respirou fundo o cheiro a cadáver que a cidade teima em não enterrar. há muito que perdera a noção do tempo. olhou para o maço e percebeu que faltavam cinco cigarros para ir dormir.

in ovos mexidos com atum e outras estórias.

terça-feira, dezembro 04, 2007

coisas realmente importantes

um amigo diz-me que há dois tipos de pessoas: as que comem o ferrero rocher todo de uma só vez e as que o comem em duas dentadas.

mas eu como primeiro o chocolate da parte de fora, depois abro a bola ao meio, tiro a amêndoa e lambo o chocolate do recheio com a língua assim tipo minete*. em seguida como as duas metades da bola crocante e no fim como a amêndoa que não é uma amêndoa mas sim uma avelã.

et toi?



[*a primeira versão saiu um tudo-nada mais púdica, com um cunnilingus que tirava todo o ritmo à descrição. o que é importante, até porque consigo fazer isto tudo num incrivelmente pequeno espaço de tempo.]

segunda-feira, dezembro 03, 2007

percebemos que as festas e as multidões estão sobrevalorizadas quando a fazer-nos companhia temos o leonard cohen e uma garrafa de tinto.

agora é só arranjar o resto do poema (ii)

(...)
não há putas mais bonitas
do que as putas do meu bairro.

agora é só arranjar o resto do poema (i)

(...)
para que despertes
com os acordes
de uma guitarra.

a verdadeira missão de fé e sacrifício é ir de carro a fátima.

sim, 47 primaveras. mas tendo em conta o que se passou neste final de verão, apenas 46 outonos.

47 primaveras