terça-feira, julho 31, 2007
o perigoso jogo da sedução
O resultado final é o equivalente a perder um jogo de xadrez sem ter sequer conseguido comer um peão. Humilhação total de quem não deu luta e sai do jogo sem qualquer dignidade. Daí o meu medo da sedução. Um misto de medo e preguiça. Se não vou comer um único peão para quê jogar zadrez, certo? Mas acima de tudo medo, porque mesmo que a minha namorada não apareça, há sempre no local a amiga de uma amiga de uma amiga de uma colega de uma prima de outra amiga que lhe vai contar, porque as mulheres (todas menos a que leêm este post) são umas vacas e gostam de contar essas merdas umas às outras. E, parecendo que não, ela tem um bíceps que aquilo de mão fechada e força bem aplicada é gajo para magoar.
Pitucha, se me estás a ouvir, acho que divaguei um pouco. Espero ter demonstrado a minha inabilidade para o jogo da sedução, apenas comparável à minha inabilidade para a colocação de vírgulas. Se por acaso está alguém com dúvidas e a pensar "ah, ele está-se a fazer de parvo e tal, seduz quem quer", tenho três - três - coisas a dizer: 1) obviamente, nunca nos cruzámos. 2) em menos de duas passagens de mão direita pelo cabelo consigo imitar os Beatles. E se elas gritavam que nem galinhas nos concertos, parece-me que tenho poucas possibilidades de vir a viver nos anos 60. 3) Se o movimento da mão for no sentido oposto, desde a testa até ao alto do cucuruto - termo técnico - e depois desde a nuca a subir até ao mesmo sítio, sou um Tony Carreira ao espelho. Estamos entendidos? Estou neste nível do jogo da sedução. Mas ainda me dizem: "Oh, João, mas tu até colocas as vírgulas de um modo impecável e irrepreensível!" Pois lá, isso é, verdade,
Então, posto isto, cá vai.
Pitucha, se me estavas a ouvir no parágrafo de cima, deduzo que continues. Como espero estar bem claro, sou a pessoa indicada para falar de sedução. No plano teórico, sou um autêntico Kasparov. E é com muitas das minhas convicções profundamente enraizadas nas próximas linhas que me arrisco a colocar três - ou quatro - situações possíveis de acontecer quando uma mulher seduz um homem:
1) a mulher aparece. já está.
2) se a opção 1 não resultou, esboçar um sorriso. já está.
3) se a opção 2 não resultou, tentar novamente a 1, pode ser que ele já não se lembre de ti. se ainda assim não resultar, o decote. não falha. o decote. e o sorriso. sorriso + decote. já está.
4) o gajo é maricas. ou então sou eu e estou com medo dos biceps da minha namorada.
e deixo-vos com uma dica: o sucesso ilusório e o posterior efeito surpresa são tanto maiores quanto maior for o intervalo de canais só com chuvinha até aparecer a sic.
e por incrível que pareça, garanto-vos que já não são 2:12 am.
vírgula.
O Bergman não morreu. Gajos como o Bergman não morrem. Quer dizer, morrer morrem, mas num processo mais lento do que o habitual. O último passo do processo de Morte do Bergman começou hoje (ontem, talvez) mas só acaba quando toda a gente se esquecer que O homem filmou isto:
segunda-feira, julho 30, 2007
sexta-feira, julho 27, 2007
quinta-feira, julho 26, 2007
Futebol (ii)
Se bem que, por outro lado, me parece que o Simão volta em menos de dois anos.
Futebol (i)
"He (Beckham) cannot kick with his left foot, he cannot head a ball, he cannot tackle and he doesn't score many goals. Apart from that he's all right."
Nada a acrescentar.
quarta-feira, julho 25, 2007
terça-feira, julho 24, 2007
taxonomia alternativa
Reino: da Dinamarca
Filo: Sofia
Classe: Quarta
Ordem: no Tribunal
Família: Real
Género: Masculino
Espécie: de Magazine
é quando um homem quiser
olho para o que escrevi em novembro e o conceito de silly season desvanece-se por completo.
sábado, julho 21, 2007
sexta-feira, julho 20, 2007
poesia*
É inimputável quem,
em razão de anomalia psíquica,
for incapaz,
no momento da prática do facto,
de avaliar a ilicitude deste
ou de se determinar
de acordo com essa avaliação.
*ou: usando o blogue como cábula.
quinta-feira, julho 19, 2007
eu não trabalho, ninguém me paga.
é isto que me faz acreditar no socialismo.
quarta-feira, julho 18, 2007
Carta à Berta*
(ou Ex.ma Sra. Ministra, ou Sr. Director do GAVE, quem quiser),
Eu sei que rever as perguntas de um exame é coisa que custa. Requer ler e fixar a atenção durante um período maior do que 5 minutos e, parecendo que não, é capaz de ser chato. Não obstante, venho por este meio colocar-me à disposição de V. Ex.ª para corrigir eventuais erros num futuro exame de Biologia. Fazemos assim: vocês mandam-me isso quando acharem que está pronto, eu releio e aponto eventuais falhas... distracções, perdão. Como estou desempregado, a disponibilidade seria imediata. Eu depois devolvia e mantinha um rigoroso sigilo profissional. A parte melhor: vocês nem tinham que trabalhar. Era só meter uma carta no correio ou - ele há coisas! - podíamos fazer isso por mail, vejam lá. E por uma sandes e duas ou três minis, não passavam por esta vergonha. Hã, era bom negócio, não era?
Do já um bocadinho vosso,
João
* Este título teria funcionado muito melhor se a Sra Ministra da Educação desse pelo nome de Alberta da Conceição Rodrigues (ou mesmo Alberta da Silva). Assim, temos só um título idiota. Enfim, contingências.
terça-feira, julho 17, 2007
se algum dia me jogarem isto à cara, obviamente vou desmentir
os outros
os outros? os outros são uma parte do que não é nosso. do que não sabemos e do que nunca perguntámos. do que calamos. do que duvidamos. os outros são a outra parte. ou como dizia aquele poeta: que se fodam os outros.
o chefe de culinária já chateia
pediram-lhe para fazer um caldo de galinha, mas isso para ele é canja.
segunda-feira, julho 16, 2007
Eleições Lisboa*
E à falta de "novos desenvolvimentos no caso da pequenina Maddie", em época de defeso em que o Benfica ainda não começou uma série que se adivinha magnífica de jogos com toda a terceira divisão suiça, lá fomos todos durante semanas conhecendo os problemas de Lisboa. Que são os problemas de todos. Todos conhecemos o drama do Bairro dos Loios. Somos amigos íntimos do Arq. Manuel Salgado. Tratamos por tu o Zé. Aprendemos o significado das siglas. Andámos de bicicleta entre o Padrão dos Descobrimentos e a Praça Sony. Respirámos o ar puro do Corredor Verde e juntámos +1 à Portela. Indignámo-nos com parte de trás da Frente Ribeirinha. E com a ajuda de todos, resolveríamos estes problemas que são de todos. De todos nós. A vida de um país melhora com uma Câmara de Lisboa disposta a resolver os problemas dos 10 milhões de lisboetas.
E esta é a questão nacional. Estratégia: o PS perde, o governo perde e a vida dos 10 milhões de portugueses melhora. O que é que correu mal? O sol, a praia. A culpa foi do Sol. Mas afinal choveu. Pois, é isso. A culpa foi da chuva. Que nós não temos culpa. Nós estamos aqui para resolver os problemas dos 10 milhões de lisboetas. O Sol, perdão, a chuva, e depois o Sol outra vez é que não deixaram.
Se o PS tivesse perdido as eleições, os 10 milhões de lisboetas teriam ganho. Se o PS tivesse perdido as eleições, era ver Rosetas e Carmonas, Negrões e Marques Mendes (este é lixado pôr no plural), Zés e PêCês, Telmos e Portas a clamar por vitória, a pedir cabeças de ministros, a falar em cartões (e não tem nada a ver com o Zéquinha) ao Sócrates, a proclamar a vitória do povo sobre o governo opressor e autoritário. E, claro, a tirar as tais "ilações nacionais". Mas como o PS não perdeu, estas eleições são apenas locais. Nem votou assim tanta gente. Se calhar nem se passou nada aqui. E é um escândalo - um escândalo - agora vir malta de outras terras festejar a vitória numas eleições de Lisboa, que não são eleições nacionais. Apenas dizem respeito a Lisboa e aos lisboestas. 200 mil e não mais do que isso. Os restantes 10 milhões não tinham nada que ver televisão, ouvir rádio e ler jornais e ficar bem informados. Culpa vossa. Nossa, claro.
É claro que é ridículo o encher da sala dos festejos à custas de excursões peregrinas que vieram à sandocha. Mas de um ridículo vergonhoso. De um ridículo que espelha a podridão que grassa no interior do(s) partido(s). Mas de um ridículo tão óbvio que até fica mal dizê-lo mais vezes. Ridículo.
E prontos. É favor descer o pano, fechar a tenda e calar os palhaços. Foi bom, mas acabou-se. A silly season volta a ser o que era, espera-se. Que isto num ano sem Europeu nem Mundial nunca se sabe.
*Mas o que me fode mesmo é a Argentina ter levado 3 do Brasil.
domingo, julho 15, 2007
parecendo que não, há coisas importantes que acontecem hoje.
e eu lamento não ser embalado pelo nacional-brotherismo.
vamos argentina.
choque de gerações
Para mim o Nemo será sempre o capitão do Nautilus. Para a minha irmã mais nova não passa de um peixe, o palhaço.
o chefe de culinária solidário e economicista
queria fazer uma sopa dos pobres sem gastar uma pipa de massa.
lutar contra a abstinência*
parece-me óbvio que a solução era disponibilizar cabines de voto no algarve, em vez de bolinhas de berlim. mas só das com creme.
*não tardou nem 5 minutos de jornal da tarde (rtp1) a aparecer. o mesmo em que, minutos depois, uma senhora de uma freguesia que agora não me lembro mas cujos moradores apelaram ao boicote, respondia indignada com os seus vizinhos: eu vou votar nem que haja uma guerra do vietnam!
quinta-feira, julho 12, 2007
aqui jaz, pedreiro da própria sepultura
antónimo de seu nome, não tem nib nem bi
tanto faz, aproveita enquanto dura
por todos vós espero, deitado, aqui.
a madrugada, casa triste da insónia
o quarto, sem janela nem jardim
tábua rasa do juízo e da loucura
tens tudo o que queria para mim.
quarta-feira, julho 11, 2007
mas sei fazer a raíz quadrada "à mão"
auto-biografia não autorizada #7
sobranceria. arrogância. cinismo.
e fiquemo-nos por aqui. o resto são defeitos.
tributo
terça-feira, julho 10, 2007
segunda-feira, julho 09, 2007
exposição pedro vieira. clicai na imagem para assentar as coordenadas e metei-vos a caminho.
adenda: ou se calhar é melhor não se meterem já a caminho. mas fica à vossa consideração.
domingo, julho 08, 2007
sábado, julho 07, 2007
frade lento
Dizem-me que também há as "7 maravilhas de Portugal", deduzo que seja o nome de um programa de humor.
despreços
sexta-feira, julho 06, 2007
despromoções (reprise)
ouvir os mestres
Nota que me surgiu entretanto: a partir de que idade é que os petizes de hoje não perceberiam a frase em todo o seu alcance e já estariam neste momento a googlar "poeta Tomás Taveira"?
sbsr #3 - a análise possível
micro audio waves - não deu para aquecer.
x-wife - o puto faz-se.
the gossip - quilos e talento muito mal distribuídos. a gorda do vozeirão que se ouvia em alcochete terá um futuro melhor quando deixar de ser acompanhada por uma guitarra e uma bateria ainda piores que os white stripes.
tv on the radio - pura energia. numa amálgama (palavra que passarei a utilizar mais amiúde) de ritmos nem sempre fácil de conciliar. e o vocalista tem um tique esquisito com a mão que não segura o microfone - a esquerda - assim como quem está ineterruptamente (ou interruptamente? não sei.) a enxotar moscas.
scissor sisters - time to dance again. ritmo, gritos e libertinagem. ela disse "mostrem as mamas" (quase em português). ele mostrou o rabo. escusado.
interpol - a justificar aquelas quatro letrinhas que dão o último nome ao festival. apesar do cabelo à cascais do vocalista e do handicap que é ver só com um olho de cada vez que o mesmo hair style acarreta, rock do puro. sem surpresa o melhor guitarrista do festival (não vi metallica). e talvez o melhor concerto. talvez. vou ali discutir um bocadinho comigo próprio para me decidir, porque até agora - e são 3 da manhã - estão ex-aequo com arcade fire*. mas não sobrevivo muito tempo com esta dúvida. depois aviso.
underworld - lá ao fundo. on my way back home. eu poderia começar a disparatar por que diabos contratam os underworld para fechar depois dos interpol. ou por que diabos (será pelos mesmos?) contratam os underworld para um suposto rock. mas depois os senhores da organização dir-me-iam que assim ficam com um dia mais eclético (eufemismo para: nós queremos é encher isto com muita gente diferente e fazer muito dinheiro. tá calado, pá!) e eu teria de me calar.
quinta-feira, julho 05, 2007
sbsr #2 - a análise possível
linda martini - um crime actuarem uns gajos chamados linda martini. linda martini é mau. linda martini é uma das piores bandas que conheço ao vivo. não gosto dos linda martini. também não me apetece explicar. caguei para os linda martini.
clap your hands say yeah - porque todos os festivais têm que ter uma desilusão. a expectativa era boa mas o vocalista apresenta-se-me num festival com calças brancas e sem chama. uma voz a querer imitar o brian molko em dias de chuva. começaram fraquinhos fraquinhos. com o passar do tempo lá se foram soltando e ficando melhor. mais meia-horinha e se calhar até tinham conseguido dar um concerto mais ou menos. clap your hands tudo bem mas not yet.
maximo park - porque todos os festivais têm que ter uma surpresa. lei das compensações e esta veio logo a seguir à desilusão. mental note: a seguir com atenção.
jesus and mary chain - isto sim, é malta do rock a sério. do rock à antiga. malta que não fala com o público mas que diz ao gajo da mesa de som: vai lá jantar que a malta aguenta-se. e fica aqui com um feedback até alcochete e uma distorção que até agoniza.
lcd soundsystem - time to dance. a lembrar que o rock (também) é uma questão de ritmo e diversão. sem electrificar demais. sem perder a essência e o poder. o chamado concertão.
quarta-feira, julho 04, 2007
sbsr #1 - a análise possível
bunnyranch - são de Coimbra, o que poderia chegar para estar tudo dito. uma banda que revela tremenda desigualdade no acesso a refeições completas e tipo de droga. os restantes três elementos da banda juntos pesam o mesmo do que o vocalista (também baterista).
the gift - sem surpresas. iguais a si próprios, o que é um garante de qualidade. mas não são uma banda para festivais. passo a explicar: não me apetece explicar.
klaxons - uma banda que não quer fazer boa música, não quer cantar bem, nem lhe interessa onde está a tocar. e por isso são bons. tocam para eles (e cada um para si) e por isso tocam com alma. bom concerto, mas não lhes auguro grande futuro, o que é meio caminho andado para uma longa carreira de sucesso.
magic numbers - de fiambre e bacon, familiar - 8 fatias. estava boa. mas também já não comia desde a sandes de fiambre no caminho.
bloc party - a banda que conhecia pior. fugir ao típico brit pop ou brit rock é um ponto positivo. ter um bom líder são dois pontos positivos. divertem e contagiam, apesar de tocarem demasiado estilizados e sem grandes variações. parecem gajos com potencial para fazer melhor, se fugirem ao que gravaram no cd.
arcade fire - não é fácil manter a harmonia e o equilíbrio (estético, sonoro, musical, visual) com tantos (dez?) gajos em palco. e em quase todo o concerto manter essa harmonia com o público. e durante alguns momentos roçar a perfeição. ainda por cima são todos (menos um) muito bons músicos. e gostam daquilo. muito. quando perderem a mania da evangelização vão acalmar, amadurecer e fazer álbuns menos apoteóticos e melhores. durante muitos anos. ou então vão bater palmas aos klaxons, nunca se sabe.
terça-feira, julho 03, 2007
adenda: reparo agora que "até já", lido em vez de escrito, tem uma conotação comercial com aquela operadora de telecomunicações cuja sigla tem três letras. é portanto favor esquecer toda e qualquer conotação comercial que este "até já" lido em vez de escrito possa ter com aquela operadora de telecomunicações cuja sigla tem três letras.